O titeriteiro império midiático

É possível afirmar que a 2ª Guerra Mundial foi o marco inicial do império midiático. Durante o conflito, tanto os veículos de comunicação, quanto a ciência por trás dela se desenvolveram demasiadamente – principalmente nas propagandas nazistas e anti-nazistas. -Livros infantis nazistas ilustrando alemães e judeus.

– Capitão América: herói criado para difundir ideais antinazistas.

Durante a Guerra Fria, a competição ideológica entre socialismo e capitalismo estimulou a evolução das propagandas, seja de forma direta, ou indireta – filmes, novelas, HQs ou qualquer outra forma de difusão comportamental. Esses meios de propagação da mensagem eram usados pelos dois lados para denunciar a culpabilidade de seu adversário na ascensão do nazismo, e para divulgar seu modo de vida como o melhor.

Nesse contexto, os Estados Unidos conseguiram disseminar o que chamavam de “American Way of Life” (modo de vida americano) pelo mundo inteiro, utilizando desde o cinema até a moda de Christian Dior (anos 50/60) para divulgar seus costumes e valores (como pluralismo, culto ao individualismo, tolerância, etc.). Nota-se até hoje uma preocupante influência estadunidense na cultura mundial, principalmente porque seus filmes – que possuem maior alcance global – são sujeitos à censura pela Motion Picture Association of America (MPAA), por alianças entre Hollywood e o Governo americano e/ou pelo Pentágono – nesse caso, em troca de uniformes, veículos e réplicas de armas para a produção do filme. O cinema e a Segunda Guerra Mundial no século XXI.

Propaganda do american way of life.

Durante esse período, vivíamos no Brasil um grande exemplo da manipulação explícita da mídia: o período da ditadura militar de 64, onde diversos jornais foram censurados impedindo as críticas ao novo governo, ou até forjando na população uma opinião que corrobora com os interesses particulares dos donos dos grandes veículos de comunicação.

Atualmente, o sistema de mídia e comunicação se configura como a recordação mais expressiva das capitanias hereditárias, tendo em vista que apenas onze famílias, extremamente ricas e grupos empresariais, comandam os meios de distribuição pública de informações, e quem não tem ligação com esses grupos, são prejudicados. Levante sua voz.

Partindo do pressuposto de que os meios de comunicação se demonstram um condutor de enorme eficácia para impor interesses e doutrinas que resultam na criação de uma opinião pública de acordo com os interesses da elite comandante, a situação se torna ainda pior quando um único grupo de mídia é detentor de um real império de veículos de imprensa. SIM, estamos falando das Organizações Globo. Pertencente a família Marinho, cujo é necessário lembrar que seu antigo dono Roberto Marinho, recebeu a concessão após seu apoio ao golpe civil-militar de 1964, esta contraria tudo que a legislação brasileira estabelece. Embora existam leis que proíbem a formação de oligopólios e monopólios de mídia no Brasil, onde é assegurado que um mesmo grupo não poderá controlar diretamente mais do que 5 emissoras, não há uma regulamentação eficaz dessas leis. 

Noticia retirada do site memória.oglobo.globo.com

É importante perceber que as notícias e fatos reproduzidos nas mídias, não são efetivos por si só, são escolhidos por alguém, por algum propósito, e de acordo com seus próprios interesses (que na maioria das vezes, são interesses contrários aos interesses da maioria da população, tendo em vista que são realidades distintas). No caso do Brasil, os proprietários das empresas de comunicação são os principais responsáveis pelo desvio da realidade por meio da distorção e ocultação  dos fatos. E é nesse viés que se realiza uma das principais características da mídia brasileira, a manipulação, que constitui uma grande ameaça à democracia.

Uma das formas adquiridas pelas grandes mídias com o objetivo de ganhar credibilidade com a sociedade, é apostar em jornalistas que demonstram ampla autonomia para manifestar suas opiniões em matérias transmitidas. No Brasil, este lugar foi ocupado de maneira mais completa por Paulo Francis, comentarista da Rede Globo. Francis opinava sobre inúmeros assuntos, lançava críticas, às vezes bastante ofensivas, às vezes elogios. Seu texto era marcado de forma singular, podendo então ser observado como grande intelectual pela sociedade, podendo assim, tendo a liberdade de ditar o que ler ou não, no que acreditar, o que vestir e afins.

Dois são os elementos fundamentais do debate democrático: a ampla defesa e a prova do contraditório, entretanto a grande mídia sempre se posicionou ao lado dos grupos mais reacionários brasileiros, posto isso, é negado à população esses direitos, ficando sem meios para demonstrar suas ideias. Especialistas, inclusive, são convidados para validar as posições das empresas, mas quando isso não acontece… Entrevista Professora Gilberta Acselrad- Globo News.

No que diz respeito às telenovelas, é perceptível a insistência em veicular estereótipos negativos a população negra. A telenovela, como narrativa que difunde representações da sociedade brasileira, ao insistir a representar o negro de forma estereotipada, reforça a  perpetuação da exclusão do negro na sociedade. Submissão e humilhação do negro em horário nobre.

As peças publicitárias representam o mesmo sentido das telenovelas.Propaganda racista da Devassa. 

Do mesmo modo, os programas televisivos. “Humor” racista.

O Art. 1º da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) assegura que :“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”, logo, tendo consciência do alcance adquirido pelas telenovelas, propagandas e afins, por se tratar de uma sociedade educada frente ao império midiático, o ensinamento naturalizado dessas práticas estereotipadas, resultará na reprodução e ensinamento das mesmas.

Como já mencionado nos parágrafos anteriores, a mídia se tornou um mecanismo autônomo, liderado pelas pessoas que detém maior poder na sociedade. Deste modo, os interesses que são defendidos, sempre serão os que mais favoreçam essa camada, e quem sofre com essa manipulação acaba sendo o pobre, o que não têm voz.

A maior consequência de ser manipulado pela mídia é a perda do senso crítico, quando recebemos apenas um tipo de referência e não temos acesso a outras fontes de informações, somos levados a acreditar em apenas um lado da história, o lado que protege e aumenta a credibilidade dos que possuem poder. O problema maior de tudo isso, está no fato de que a maioria das notícias veiculadas estão, quase sempre, discordantes daquilo que realmente acontece, ou seja, da verdade. Muitos fatos transmitidos, principalmente na TV e nas “fake news” (divulgadas virtualmente), não possuem qualquer relação com o que de fato transcorre, e isso ocorre simplesmente porque a verdade, em muitos momentos, “não é um bom negócio”, não vende notícia, não ganha ibope e, muito provavelmente, não favorece aos manipuladores midiáticos, nem aos seus negócios.

Podemos citar como exemplo as manifestações de 2013 causadas pelo aumento das tarifas de transporte público. Por mais pacífica e organizada que essa manifestação tenha sido, a mídia só mostrou um pequeno percentual que vandalizou patrimônios públicos, na intenção de tirar a empatia da população para aquela manifestação. E, assim, o problema é deixado de lado, pois o que passa a importar é quantas praças foram queimadas, quantas placas de trânsito foram quebradas, e então esquecemos o que afeta diretamente a maior parte da população, pois, aos mais favorecidos, não é interessante se preocupar com o valor das tarifas do transporte público. A sociedade não passa de uma massa de manobra na mão das mídias, utilizada toda vez que o apoio social é visto como importante para uma questão específica. Sempre que determinado assunto necessitar do apoio social, sendo estes recíprocos com a mídia e os privilegiados com a ação, a sociedade passa a ser bombardeada com notícias, reportagens, propagandas e até mesmo publicidades que visem conquistar o apoio da grande massa.

Em virtude dos fatos mencionados, podemos concluir que a distorção da realidade por meio da mídia tem um propósito e uma acepção, o modo como as notícias são divulgadas pelas grandes empresas de comunicação no Brasil, visam forjar a opinião pública, omitindo e distorcendo fatos em prol do interesse da elite econômica que controla esses meios de comunicação, além de criar uma democracia utópica, já que a maioria das pessoas, principalmente as menos escolarizadas e com menor acesso às informações, são alvos fáceis da alienação. Para amenizar essa realidade, faz-se necessária uma mudança no modo como as notícias são passadas à população e como são assimiladas por ela, utilizando diversos pontos de vista na abordagem dos casos relatados, para que o leitor possa construir sua própria opinião ao invés absorver convicções transmitidas. Dessa forma, se faz necessário também que o público conheça de modo preciso os mecanismos de manipulação da verdade, que os meios comunicativos dispõem. Indo além da análise sobre mídias, gostaríamos de convidar à uma reflexão mais profunda acerca da sociedade brasileira com o cordel “Peleja brasileira” (Bando pé no Mato).

Grupo : Ant(i) – Beatriz Meneses, Giovana Souza, Yasmim Morais

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